22 de novembro de 2014

Programação do XXII Seminário dos Estudantes do PPGF/2014


 XXII SEMINÁRIO DOS ESTUDANTES DO PPGF-UFRJ
24 A 28 DE NOVEMBRO DE 2014

Instituto de Filosofia e Ciências Sociais
Largo do São Francisco, 1 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Sala Celso Lemos



RESUMOS DOS TRABALHOS


SEGUNDA 24 DE NOVEMBRO

12:20 H – KANT

Moderação do doutorando Flávio de Britto Pinto

Simultaneidade e Fragmentação na Estética Kantiana
Mestrando Irlim Correa Lima Júnior – PUC-Rio

Sobre a emergência da Filosofia da Natureza de
Schelling no contexto da Filosofia Crítica
Doutorando Daniel do Valle Pretti – PPGF/UFRJ

A herança de Hume ao pensamento teórico de Kant
Doutorando Rômulo Martins Pereira – PPGF/UFRJ



• Simultaneidade e fragmentação na estética kantiana
Mestrando Irlim Corrêa Lima Júnior
PPGF/PUC-Rio – CAPES
Orientador: Edgar de Brito Lyra Netto

Demonstraremos como que, com os questionamentos sobre a ideia de beleza na Crítica da Faculdade do Juízo, muito embora esparsos, a filosofia estética kantiana problematiza o fenômeno da arte sob o signo do simultâneo, do fragmentário e, em última instância, do indizível.
Com efeito, a ideia de beleza deve ser pressuposta como um postulado que confira unidade e identidade à multiplicidade dos fenômenos artísticos, tornando viável pensar a partir deles uma possível “essência” da arte que possibilita essa multiplicidade e que, ao mesmo tempo, de cada obra se elide. Porém, se a ideia estética da beleza não pode ser conhecida ou apresentada de maneira alguma, há a possibilidade de que manifestações estéticas singulares se mostrem como lhe sendo limitadamente adequadas, isto é, como ideais.
Tal idealidade do fenômeno estético nos franqueia caminho para pensar as relações temporais das obras de arte em remissão a essa unicidade universal indizível. Urge pensá-la sob o aspecto fragmentário dessa miríade de manifestações, porquanto seja impossível que nelas a ideia se anuncie ou se presentifique como um todo.
Além disso, a temporalidade da obra de arte se constitui também pela simultaneidade de referência entre a própria obra e sua essência, entre o ideal e a ideia, que não é da ordem da representação, mas da originalidade. Com isso, poderemos pensar a arte como síntese entre fenômeno de criação e liberdade, dando cumprimento à vocação da razão de realizar no mundo a liberdade.

Palavras-chave: Kant; estética; simultaneidade.





Sobre a emergência da Filosofia da Natureza de Schelling
no contexto da Filosofia Crítica
Daniel do Valle Pretti
PPGF /UFRJ – CAPES
Orientadora: Carla Francalanci

Talvez uma das principais metas do movimento filosófico posteriormente conhecido como Idealismo Alemão tenha sido erigir um sistema total da razão que consolidasse as conquistas da filosofia crítica de Immanuel Kant. Mesmo que, para tanto, cada um a seu modo, os filósofos de tal movimento tivessem que correr o risco de ir contra a letra do texto kantiano, em nome de resguardar o espírito da crítica. Fichte é o primeiro filósofo a propor um tal sistema, colocando a identidade absoluta do Eu como princípio primeiro do saber. A proposta de Fichte logo chama atenção do jovem Schelling, que rapidamente é reconhecido como seu seguidor, ao mesmo tempo em que vai expondo e amadurecendo sua própria proposta de sistema fundamentado em uma Filosofia da Natureza.
Em nossa comunicação abordaremos a interpretação de Schelling da Filosofia Transcendental de Fichte como herdeira da filosofia crítica de Kant e, mais especificamente, por que Schelling vê a necessidade de propor uma Filosofia da Natureza que, ao menos até a obra Filosofia do Idealismo Transcendental de 1800, a complemente. A Filosofia da Natureza de Schelling buscará resguardar certa inteligibilidade própria à natureza, assim como, evitar cair em um dogmatismo pré-crítico.

Palavras-chave: Schelling, Filosofia da Natureza, Filosofia Transcencental

A herança de Hume ao pensamento teórico de Kant
Rômulo Martins Pereira
PPGF/UFRJ – CNPq
Orientador: Fernando Augusto da Rocha Rodrigues

Em sua “Introdução” à Crítica da Razão Pura, Kant formulou o seu problema fundamental do seguinte modo: Como são possíveis juízos sintéticos a priori? Ora, para chegar a essa formulação, Kant certamente percorreu os diferentes questionamentos dos distintos sistemas filosóficos do século XVII e XVIII. Dentre essas muitas heranças, destaca-se a figura do filósofo escocês David Hume, a quem Kant faz menção em seus Prolegômenos a toda Metafísica futura como tendo sido o responsável por tê-lo acordado de seu “sono dogmático” – ou seja, da sua prévia convicção de que a filosofia poderia proceder analiticamente, apenas por meio de conceitos puros, a fim de estabelecer conhecimentos universais (a priori).
Desse modo, se tivermos também em conta que Kant, na Doutrina Transcendental do Método, apresenta a sua Crítica e, consequentemente, o seu método crítico, como sendo a culminação dos seus esforços de tentar resolver os questionamentos filosóficos de sua época, não será, de todo modo, vão tentarmos estabelecer em que sentido se pode interpretar essa suposta herança humeana em seu pensamento. É isso o que buscaremos mapear, em linhas gerais, no presente trabalho: em que sentido podemos interpretar que o caráter sintético que Kant afirma para o pensamento em geral tem determinados pressupostos na filosofia de Hume e, em específico, na sua crítica a nossa noção de causalidade?

Palavras-chave: Hume; Kant; causalidade.


SEGUNDA 24 DE NOVEMBRO

15 H – ESTÉTICA


Moderação do doutorando Nelson Neto


Rousseau e Voltaire: a querela encenada
Doutoranda Lucyane de Moraes – UFMG

Hegel, Göethe e o fim da arte
Mestrando Guilherme Ferreira – UFMG

Nem os ociosos escapam ao inferno:
notas sobre vivência do choque, automatismo e modernidade em W. Benjamin
Mestrando Fernando Araújo del Lama – USP

Considerações sobre o estatuto da arte no pensamento de Merleau-Ponty
Mestrando Edson Lenine Gomes Prado – UFG

Alegoria e outros processos construtivos no Tropicalismo
Mestrando Guilherme de Azevedo Granato – UFOP

A história da filosofia como remix - um olhar comparatista
Doutorando Rafael Mófreita Saldanha – PPGF/UFRJ



Russeau e Voltaire: a querela encenada
Doutoranda Lucyane De Moraes
PPGF/UFMG – CAPES
Orientador:

Entre as questões artísticas e filosóficas mais divergentes do século XVIII registram-se as diferenças entre o pensamento de Rousseau e Voltaire. Se por um lado Rousseau acreditava que os seres humanos eram corrompidos pelas instituições sociais, Voltaire pensava que os mesmos eram educados por elas. Em seu Discours sur les Sciences et les Arts, Rousseau recusa a ideia de que o progresso da cultura havia contribuído para depurar os costumes, responsabilizando a civilização de corruptora às ideias intelectuais do homem, ou seja, da sua liberdade. A partir daí investe contra o cultivo da ciência e da arte por acreditar que estas contribuíam para o egoísmo e a insanidade humana, depreciando os sentimentos e a sensibilidade natural do homem.
Por sua vez Voltaire, o defensor mais ardoroso das luzes, associando o progresso das artes e das letras ao avanço geral da cultura, investe na defesa de D’Alembert contra as idéias de Rousseau acerca do caráter nocivo do teatro, postulando que as obras dramatúrgicas compartilhavam com a sociedade o pensamento iluminista acerca da investigação do mundo natural e dos fatos sociais, ‘iluminando’ a época com a crença no desenvolvimento da razão, propagando a importância da consciência na apropriação da realidade.

Palavras-chave: Iluminismo; Arte; Sociedade.

Hegel, Göethe e o fim da arte
Mestrando Guilherme Ferreira
PPGF/UFMG – CAPES
Orientadora: Giorgia Cecchinato

São várias as aproximações possíveis entre as obras de Goethe e o sistema filosófico de Hegel, sobretudo, nos Cursos de Estética onde em diversas passagens Hegel menciona Goethe como seu interlocutor privilegiado. Neste trabalho, nosso objetivo será o de demonstrar como, no que tange ao prognóstico hegeliano sobre o “fim da arte”, Goethe aparece como um interlocutor fundamental para tratar do real estado arte na modernidade.
Para esta empreitada, não escolheremos uma obra específica de Goethe para tratarmos de como Hegel aborda a questão da arte e, mais propriamente, o tema do “fim da arte”. Seria inviável este tipo de trabalho devido à natureza e especificidade com que nos propomos. Nossa intenção seria senão, demonstrar como é possível pensarmos a questão do fim da arte de maneira mais ampla e original, sobretudo, ao demonstrarmos como a chamada época de Goethe (Goethezeit) serviu de inspiração para Hegel no seu Para isso, tomaremos como fio condutor da nossa argumentação a poesia dramática (tragédia e comédia), o supremo estágio da poesia e da arte romântica, que tem Goethe como seu principal representante para, por fim, apresentamos os argumentos de Hegel sobre as perspectivas da arte do seu tempo, a saber, do seu “caráter de passado” enquanto arte, traduzida por vezes como o prognóstico hegeliano sobre o fim da arte.

Palavras chave: Hegel; Goethe; Fim da arte.



Nem os ociosos escapam ao inferno:
notas sobre vivência do choque, automatismo e modernidade
em Walter Benjamin.
Mestrando Fernando Araújo Del Lama
PPGF/USP – FAPESP
Orientador: Ricardo Ribeiro Terra

Trata-se de pensar a conexão entre vivência do choque, automatismo e modernidade tal como ela figura no diagnóstico crítico produzido por Walter Benjamin.
Em seus ensaios sobre Charles Baudelaire, Benjamin enxerga a poesia lírica baudelairiana como um espelho da modernidade, refletindo suas ambivalências e contradições e expondo em toda a nudez seus paradoxos. Segundo Benjamin, a experiência lírica do poeta é até mais verossímil e condizente com a situação moderna do que sua tentativa de apreensão teórica dela, executada em seus ensaios de crítica de arte, em especial no célebre ensaio sobre Constantin Guys, O pintor da vida moderna.
Em meio a este cenário da recepção benjaminiana de Baudelaire, eu gostaria de enfocar num aspecto específico: partindo de temas sugeridos sobretudo no capítulo IX do ensaio Sobre alguns temas em Baudelaire, que versa sobre a imagem baudelairiana do jogador, procurarei explorar de que modo Benjamin vê cristalizada, nesta simples personagem, a essência do homem na modernidade, pautado pela ausência de ligação com a tradição e pela temporalidade entrecortada pelos choques, minando a possibilidade da experiência (Erfahrung), e pelo automatismo, que condena até mesmo o ocioso ao eterno recomeçar do sempre-igual (Immergleichen), quintessência da lógica infernal produzida pela modernidade, sob a égide poderosa da mercadoria, mascarada, porém, enquanto novidade.

Palavras-chave: Walter Benjamin; automatismo; desmemoriação.

                                                                                                                         




Considerações sobre o estatuto da arte
no pensamento de Maurice Merleau-Ponty
Mestrando Edson Lenine Gomes Prado
PPGF/UFG - CAPES
Orientadora: Carla Milani Damião

O presente artigo insere-se no bojo de uma pesquisa mais ampla que visa compreender as relações entre arte e filosofia no pensamento de Maurice Merleau-Ponty. Essa perspectiva, como tentaremos mostrar, coloca-nos desde o início alguns obstáculos pelo fato de que, se por um lado, podemos constatar em toda a sua filosofia a presença de uma permanente referência às experiências artísticas, em particular a pintura e a literatura (mas também outras como o cinema e a música ou a escultura e a arquitetura); por outro lado, essa referência à arte, ao contrário do que se poderia supor, não aparece no conjunto de seus escritos tendo uma função meramente ilustrativa.
Diferentemente, ela tem uma função que pode ser compreendida como argumentativa, na medida em que constitui-se como parte integrante seja da descrição do mundo percebido, tal como levada a cabo pelo filósofo em seus primeiros trabalhos, seja da explicitação ontológica, tal como desenvolvida em suas últimas pesquisas.
É um fato, também, que ao longo de seu itinerário Merleau-Ponty não chega a orientar sua investigação para os problemas teóricos particulares da estética. Uma razão que pode contribuir para a compreensão dessa recusa encontra-se no fato de que um tal direcionamento resultaria, no limite, numa subordinação da arte à filosofia, o que em grande medida seria incorrer na adoção do ponto de vista de sobrevoo, tão criticado por ele.
Ao que tudo indica, temos, portanto, que em seu modo de conceber as relações da arte com a filosofia não se trata para Merleau-Ponty de buscar instrumentalizar os processos ou os resultados das experiências artísticas em função de posições filosóficas assumidas previamente, assim como não parece ser o caso, também, de pretender elaborar uma teoria geral da arte considerando a estética como um campo autônomo. Compreender o sentido mais amplo da alternativa indicada por Merleau-Ponty é o que buscaremos em nossas análises.
Palavras-chave: Arte; Estética; Merleau-Ponty


Alegoria e outros processos construtivos no tropicalismo
Mestrando Guilherme de Azevedo Granato
PPGF/UFOP – CAPES
Orientadora: Imaculada Kangussu

O presente trabalho tem como objetivo investigar os processos construtivos das obras Tropicalistas a partir de sua relação com as vanguardas europeias do início do século XX. O ideário vanguardista, no propósito de romper o estatuto de autonomia da arte dentro da sociedade, impulsionou a transformação dos processos de constituição das obras, no intuito de alertar o expectador para a possibilidade de transformação da práxis vital. Nesse contexto, como apontou Peter Bürger, o conceito de obra de arte não orgânica, como aquela em que parte e todo não estão em relação direta, é fundamental.
Essa caracterização remete a elementos, ainda segundo o mesmo autor, que clarificam a articulação entre a dimensão crítica e os processos construtivos das obras, tais como o conceito de “novo” e “acaso”, além do emprego da montagem e da colagem, da paródia e da ironia e, mais centralmente, o conceito de alegoria, tal como elaborado por Walter Benjamin.
O Tropicalismo, seguindo a análise de Celso Favaretto, tem na Alegoria o fundamento de sua estética. No intuito de propor outro eixo de reflexão para além da imagem mitificada de Brasil que se impunha na época, o movimento deslocou a crítica do tema para a própria forma do discurso, introduzindo uma nova linguagem até então estranha à tradição da música popular brasileira.

Palavras Chave: Vanguardas; Tropicalismo; Alegoria.







A história da filosofia como remix, um olhar comparatista.
Doutorando Rafael Mófreita Saldanha
PPGF/UFRJ – CAPES
Orientador: Rafael Haddock-Lobo

Entre várias leituras possíveis, é possível tomar o século XX (e esse nosso, o XXI, que nesse sentido continua seguindo o anterior) como o século do remix. Falamos aqui de remix no sentido de que o novo não é visto mais como criação ex nihilo (coisa que talvez jamais tenha sido), mas como uma reconfiguração/reordenação/ reorganização daquilo que já está aí. Vemos esse movimento acontecendo na música desde o jazz e sua arte do improviso, que em muito é pautada pela releitura de standards (clássicos), até o hip-hop, que diversas vezes leva a arte da citação a locais inesperados.
Na literatura vemos isso ocorrer, a título de exemplo, em grupos como o OULIPO, com Georges Perec construindo seu monumental A vida: modos de usar com uma série de furtos da história da literatura; ou ainda no belo Exercícios de estilo, de Raymond Queaneau, que resolve recontar a mesma situação (simples) de 99 maneiras diferentes. A filosofia, portanto, não poderia, por sua vez, crer escapar ilesa desse furor do remix que tem dominado os nossos tempos, de maneira que, inclusive, pode-se falar em filósofos do remix, tanto teóricos, como Gabriel Tarde, como praticantes, como Gilles Deleuze e Jacques Derrida.
Nosso objetivo aqui é pois tentar compreender como essa cultura do remix abre o campo para uma certa prática de história da filosofia ainda por se concretizar.

Palavras chaves: Comparativismo; metafilosofia; remix.


SEGUNDA 24 DE NOVEMBRO

18 H – MESA DE PROFESSORES

Moderação do mestrando Diego Reis



• “Que porra é essa: Poesia?”
Alberto Pucheu
Letras/UFRJ

• “Yeaaah: sexo, filosofia e rock and roll
 Charles Feitosa
Filosofia/UNIRIO





TERÇA 25 DE NOVEMBRO

12 H – FILOSOFIA POLÍTICA I

Moderação do doutorando Lúcio Salles


Sobre communitas e o político: uma leitura entre Schmitt e Esposito
Doutorando Deyvison Rodrigues Lima – PPGF/UFRJ

Comentários acerca da materialidade da ideologia
em Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado
Doutorando Gabriel H. Lisboa Ponciano – PPGF/UFRJ

Transgressão e tecnologia de si em Michel Foucault
Doutoranda Julia Naidin – PPGF/UFRJ

O Homo economicus a partir da leitura de Foucault
Doutorando José Eduardo Pimentel Filho – PPGF/UFRJ

A conspiração de Félix Guattari
Doutorando Vladimir Moreira Lima Ribeiro – PPGF/UFRJ




Sobre communitas e o político: uma leitura entre Schmitt e Esposito
Doutorando Deyvison Rodrigues Lima
PPGF/UFRJ – CAPES
Orientador: José Maria Arruda

Neste artigo proponho duas tarefas. Primeira, inserir Carl Schmitt no debate contemporâneo sobre comunidade; segunda, compreender a noção de comunidade a partir do político como diferença. Pretendo demonstrar que a noção de comunidade como ausência de fundamento ou perda é articulada em Schmitt através da noção de antagonismo.
Para isso, pretendo pensar no limite da heterodoxia e realizar alguns retornos publicamente esquecidos a respeito de Carl Schmitt. Proponho três etapas: (I) exponho as teses de Roberto Esposito (representante privilegiado na crítica à noção substancialista da comunidade) nas obras Categorie dell’impolitico (1988) e, sobretudo, Communitas (1998) e Immunitas (2002); (II) analiso dois argumentos através da obra de Schmitt: a virada para a exceção (argumento do finitismo) no Politische Theologie (1922) e o deslocamento para a compreensão do antagonismo como relação originária do político no Der Begriff des Politischen (1927). Por fim, (III) reivindico que a leitura de Schmitt acerca do político é paradigmática por conta da rejeição do fundamento da política no sentido da metafísica tradicional, bem como da compreensão do termo communitas originariamente como contra (com-tra) e não como com. Concluo que a ênfase da relação comunitária não está no munus compartilhado como Esposito afirma, mas sim no com-tra que se pode sustentar a partir de Schmitt, isto é, não apenas como relação, mas como antagonismo.

Palavras-chave: comunidade; relação; antagonismo.







Comentários acerca da materialidade da ideologia
em Ideologia e Aparelhos Ideológicos de Estado
Mestrando Gabriel Henrique Lisboa Ponciano
PPGF/UFRJ – CNPq
Orientador: Rafael Haddock-Lobo

O objetivo deste trabalho é pensar a questão da materialidade da Ideologia na obra Ideologia e Aparelhos Ideológicos de Estado de Louis Althusser. Para que se possa cumprir tal objetivo, faz-se necessário que compreendamos o movimento da referida obra de tentar esclarecer como se dá a “reprodução das condições de produção”, indicada por Marx em sua correspondência com Kugelmann como algo vital para a manutenção de qualquer formação social.
Seguindo esse movimento, Althusser, sob a ótica da reprodução das relações de produção, opera o que ele chama de “uma ampliação da teoria marxista do Estado”. Compreender essa ampliação é a chave para que possamos vislumbrar a distinção feita pelo autor entre os Aparelhos de Estado: um que age, predominantemente, pela violência (Aparelho Repressivo de Estado) e outros que agem, predominantemente, pela ideologia (Aparelhos Ideológicos de Estado).
Levando em conta que as ideologias existem por meio dos e nos Aparelhos Ideológicos de Estado, ao analisarmos a estrutura e funcionamento de tais Aparelhos a questão da materialidade das ideologias poderá ser colocada. Das ideologias particulares, seguindo Althusser, problematizaremos a questão da Ideologia em geral.

Palavras-chave: Althusser; Ideologia; Aparelhos Ideológicos de Estado.



Transgressão e tecnologia de si em Michel Foucault
Doutoranda Julia Naidin
PPGF/UFRJ – CAPES
Orientador: Guilherme Castelo Branco

O presente trabalho busca uma articulação entre dois momentos na obra de Michel Foucault. Na década de sessenta, Foucault escreve sobre a experiência da literatura através de escritores como Bataille, Blanchot, Artaud e Klossowsky...
Nestes textos vemos um tipo de experiência que o homem pode fazer a partir da relação que ele estabelece com seus próprios limites, numa experiência de transposição que ele efetua em si mesmo.
A ideia de transgressão aparece indicando um espaço além dos limites do ser. Trata-se de uma experiência na qual o sujeito opta por se colocar em perigo através da prática de um dilaceramento de si enquanto sujeito estável e moralmente identificado. Tal ideia não deve ser entendida como uma atitude, como um comportamento, tampouco como uma ética ou uma moral. A transgressão é da ordem do acontecimento e ocorre na experiência que o sujeito faz ao violar seus limites.
Vinte anos após estas publicações, Foucault volta a falar de limites, de violação, de ultrapassagem e de transformações que o sujeito é capaz de operar em si mesmo. O autor nos apresenta, em pesquisas sobre o mundo greco-romano, uma nova resposta às inquietações de seus textos sobre teoria política: o “cuidado-de-si”. Trata-se de um complexo conjunto de práticas e exercícios que afirmam a possibilidade de contestação no lugar em que um sujeito se elabora ao se desvencilhar de amarras históricas e identitárias.

Palavras-chaves: Michel Foucault; transgressão; tecnologias de si.




O Homo Economicus a partir da leitura de Foucault
Doutorando José Eduardo Pimentel Filho
PPGF/UFRJ
Orientador: Guilherme Castelo Branco


O conceito de homo economicus foi um conceito que surgiu no pensamento econômico da virada do século XVIII para o XIX. Numa disputa - que de fato seria mais harmônica do que conflituosa - entre o liberalismo clássico e o utilitarismo, o homo economicus foi tradicionalmente definido como o homem do mercado, da troca, do laissez-faire ̧ laissez-passer. De qualquer modo, tal conceito servira para dar nova identidade ao homem moderno, cada vez mais urbano e envolvido nos meios de produção; um "novo homem" que seria mais economicamente embasado, e que fugiria da concentração Estatal e financeira proposta pelo Mercantilismo.
Contudo, apesar da mirada clássica acerca do homem econômico, Michel Foucault, ao longo de toda sua obra tentou resignificar tal conceito e o contexto no qual ele se inserira. No As Palavras e as Coisas, ainda no início dos anos 1960, ele já rompia com a noção clássica que diz ser o homo economicus o homem da troca, e, inovadoramente, Foucault descreverá tal sujeito como "aquele que passa, usa e perde sua vida escapando da iminência da morte" (PC, 2007, p.353). No fim dos anos 1970 Foucault iria recriar dois novos contextos para compreender o homo economicus, de um lado o homem-fábrica da disciplina, do Panóptico, das regulações, e de outro lado o homem empresa, da normalização, do neoliberalismo, das regulamentações. Será em torno de tais visadas originais que a presente fala se debruçará.

Palavras-chave: economia; poder; sujeito.



A conspiração de Félix Guattari
Vladimir Moreira Lima Ribeiro
UFRJ/PPGF - CAPES
Orientadora: Adriany Mendonça

O objetivo desta comunicação é o de pensar a “máquina de escritura” criada por Guattari como a expressão de um pensamento político que (1) reelabora a relação teoria-prática (2) injeta a política no plano do cotidiano, (3) apresenta uma ideia nova de cotidiano, que nós chamamos de cotidiano caosmótico e (4) é sustentada a partir de uma ideia de conspiração, como uma força capaz de promover nesta máquina de escritura agenciamentos dos mais variados com as potências políticas minoritárias.
“Inventar novos modos de gestão da vida cotidiana não é uma utopia”, gritava Guattari no meio da água fria que foi “Os anos de inverno”. Mas mesmo antes, e também depois dos anos 80, sozinho, com Jean Oury ou com Gilles Deleuze, este grito se repetia como um ritornelo ético-político de resistência. E, talvez, e esta é a hipótese que gostaríamos de experimentar aqui, a “machine d’Écriture” de Guattari acabou por elaborar um novo espaço-tempo da política: o cotidiano. Inventar novos modos de gestão da vida cotidiana significa agenciar teoria e prática em uma atitude criadora capaz de resistir aos vergonhosos estilos de vida produzidos pelo Terror que assombra a vida cotidiana. Guattari, assim, foi aquele que não só conseguiu diagnosticar a hipercomplexidade do cotidiano como, principalmente, desejá-la e afirmá-la para a sua “machine d’Écriture”. Assim, são essas as questões que nós gostaríamos de desenvolver.

Palavras-chave: Pensamento; política; cotidiano.




TERÇA 25 DE NOVEMBRO

15 H – FILOSOFIA POLÍTICA II

Moderação da doutoranda Priscila Carvalho


Maquiavel: conhecimento e poder
Mestrando Cleber Andrade – PPGF/UFRJ

• Foucault leitor de Maquiavel: Soberania X Governamentalidade
Mestranda Carla Musa Latsch Cherem – PPGF/UFRJ

Filosofar nos Trópicos: o Brasil e a cordialidade perdida
Mestrando Diego Reis – PPGF/UFRJ

O pensamento na lacuna entre o passado e o futuro
Mestranda Fernanda Cupertino – PPGF/UFRJ




Maquiavel: Conhecimento e Poder
Mestrando Cleber Andrade
PPGF/UFRJ
Orientadora: Suzana de Castro

Senão virgem ao menos muito pouco explorado é o campo de estudos concernente à questão do conhecimento para Nicolau Maquiavel. O simétrico inverso pode ser dito sobre o tema do poder. Procuraremos, com a seguinte exposição, estabelecer uma conexão entre estes temas, e aprofundar sua análise.
Assim: 1) proveremos, inicialmente, um panorama histórico a respeito dos significados do conhecimento no Renascimento de modo a identificar dentre estes o(s) que afeta(m) diretamente a política; 2) em seguida, destacaremos e lapidaremos as percepções do próprio Maquiavel sobre a questão do conhecimento dando especial ênfase ao que no seu pensamento demarca permanências e rupturas com a tradição ao qual está filiado; 3) do exposto, avançaremos sobre a relação propriamente dita entre conhecimento e poder tal como concebida e propugnada pelo ilustre florentino; 4) com isso, esperamos projetar em luzes mais brilhantes a dimensão propositiva normativa de Maquiavel a qual tem sido sistemática e recorrentemente negligenciada – ocultada nas densas brumas do pragmatismo que lhe é atribuído.

Palavras-chaves: Maquiavel; conhecimento; poder.




Foucault leitor de Maquiavel: Soberania X Governamentalidade
Mestranda Carla Musa Latsch Cherem
PPGF/UFRJ
Orientador: Guilherme Castelo Branco

Nossos objetivos nesta comunicação são analisar o pensamento político do filósofo francês Michel Foucault e demonstrar que este converge para uma concepção de política como governamentalidade. Outrossim, compreender em que sentido Foucault concebe a governamentalidade como desenvolvimento mais atual do governo político, entendimento oposto ao que Maquiavel dava à soberania, e como isso se constitui em antimaquiavelismo.
Perceber o poder como algo que não existe como substância, nem localizado em instituições é um fator importante para compreendermos o olhar foucaultiano sobre o poder. Pela tradição filosófica temos a tendência de identificar o poder aqui e ali, como o poder dos governantes, ou dizer que a burguesia tem poder e o proletariado não (LEBRUN, 2004, passim). Em primeiro lugar é relevante dizer que Foucault não está negando que, em alguns momentos e em certo sentido, também se possa pensar o poder como aquilo que alguns indivíduos possam, individualmente ou através de instituições, exercer no sentido do controle ou de alguma dominação sobre outros. O que Foucault parece deixar emergir em seus estudos é, no entanto, o entendimento de uma forma de racionalidade política que envolve, em sua lógica interna, alguma coisa que, mesmo não estando em nenhum lugar específico está em todos, pois transita pelos espaços. Essa noção multiforme de “espaços” envolve muito mais do que instituições, ou lugares, abrange as pessoas viventes e os discursos que são produzidos.

Palavras-chave: Soberania; Biopoder; Governamentalidade.



Filosofar nos Trópicos: o Brasil e a Cordialidade Perdida
Mestrando Diego Reis
PPGF/UFRJ – CAPES
Orientador: Guilherme Castelo Branco

Desde as Jornadas de Junho de 2013, no Brasil, não cessou de proliferar, em campos expandidos do pensamento, uma série de indagações por parte das instituições sociais, educacionais e políticas, que, desconcertadas, tenta(va)m entender o que se passou.
Uma percepção, no entanto, parece atravessar as diversas análises: a representação de um país pacífico, materializada na imagem-guia do homem cordial, tem dado lugar a outras figuras, que denunciam a violência estruturante da cultura brasileira e a notória intolerância aos Outros, no subterrâneo dos discursos de festejo da miscigenação e da diferença, onde circulam os racismos e preconceitos de todas as espécies.
Esta comunicação versará sobre possíveis articulações entre o pensamento antropológico brasileiro e a filosofia crítica do presente, nos moldes do diagnóstico de nosso tempo histórico, tal como proposto por Michel Foucault, em sua leitura da Aufklärung, de Kant. Deste modo, nosso intento não é fornecer uma grade geral de inteligibilidade dos fenômenos sociais e de suas contradições. Antes disso, esta comunicação traz algumas questões acerca dos conflitos, da violência e do modo pelo qual, neles, a racionalidade política contemporânea, os autoritarismos e os conservadorismos não deixaram de ser contestados por vias diversas, em lutas frontais, transversais e oblíquas que reivindicam o direito à cidade, ao corpo, e à liberdade prometidos [e celebrados] pelas democracias neoliberais.

Palavras-chave: Filosofia Política; Formação Social Brasileira; Violência.



O pensamento na lacuna entre passado e futuro
Mestranda Fernanda Cupertino
PPGF/UFRJ – CAPES
Orientadora: Carla Francalanci

Os eventos que constituem as experiências e temores que operam como pano de fundo das análises de Hannah Arendt na obra Entre o passado e o futuro se identificam com o caráter sem precedentes do fenômeno totalitário ocorrido na primeira metade do século XX. A evidenciação da insuficiência de categorias políticas e padrões morais que dessem conta de explicar e questionar tais acontecimentos ou que corroborassem o certo e o errado, o possível e o impossível, são alguns dos motores da reflexão arendtiana.
O esgarçamento da linha hermenêutica em questão, do fio condutor entre o passado e o futuro, se aprofundou a medida em que a época moderna avançou trazendo consigo a perda de um território comum que dá sentido àquilo que permeia o homem em sua existência. Por fim, a ruptura do fio condutor da tradição ocorre devido aos eventos políticos experimentados por meio do totalitarismo. Assim, a lacuna entre o passado e o futuro deixa de ser adstrito aos poucos que fazem do pensar sua ocupação primordial, tornando-se uma perplexidade e uma realidade tangível a todos, isto é, um fato de relevância política.
Tendo isso em mente, a presente comunicação pretende analisar sob a luz das reflexões de Hannah Arendt, o movimento de dissolução da tradição tendo em vista suas implicações políticas, negativas e positivas, bem como o lugar próprio do pensamento político como a possibilidade de prevenção da repetição dos horrores testemunhados em momentos sombrios da existência humana.

Palavras-chave: Hannah Arendt; tradição; pensamento.



TERÇA, 25 DE NOVEMBRO


18 H – MESA DE PROFESSORES

Moderação do Professor Cleber Andrade – Ciências Políticas/UFF




• “Perspectivas do Anarquismo hoje”
Professora Camila Jourdan
Coordenadora do PPGFil/UERJ









QUARTA 26 DE NOVEMBRO

12 H – FILOSOFIA ANTIGA I

Moderação do doutorando Lúcio Salles



O logos segundo a natureza e a natureza segundo o logos:
algumas diferenças entre Platão e Heráclito
Doutoranda Carolina Moreira Torres – PPGF/UFRJ

Do trágico veio o homem: Empédocles entre Orfeu, Zagreu e Prometeu
Mestranda Eduarda Pianete Moreira – PPGF/UFRJ

Democracia, liberdade e poesia: a grande revolução popular de Atenas
Doutorando Emerson Facão – PUC-Rio

As performances do silêncio na Filosofia Moral de Plutarco
Mestrando Vanderley N. Freitas – UFMG






O logos segundo a natureza e a natureza segundo o logos:
algumas diferenças entre Platão e Heráclito
Doutoranda Carolina Moreira Torres
PPGF/UFRJ – CAPES
Orientador: Fernando Santoro

Neste trabalho nos propomos a pensar sobre a transformação da noção de lógos e de sua relação com a physis através dos fragmentos 1 e 50 de Heráclito e do diálogo O Sofista de Platão. Nosso objetivo é comparar o lógos katà physin de Heráclito com o lógos platônico no diálogo O Sofista. Para Heráclito, o lógos nos diz que tudo é um, e tal unidade é de acordo com o modo próprio de ser da physis. Em seu discurso, essa unidade se manifesta a partir das homonímias. Elas são capazes tanto de mostrar como de ocultar o sentido do que se diz, privilegiando a unidade que permeia e aproxima todas as coisas, ao invés da precisão que as separa.
Por outro lado, Platão, no Sofista, busca compreender como é possível que nos enganemos em nossos juízos, uma vez que Parmênides havia dito que não é possível dizer o não-ser, e disso derivou-se a conclusão sofística da impossibilidade de dizer o falso. Nesse diálogo Platão afirma que a physis, e tudo o que dela brota, vem a ser de acordo com o lógos de uma divindade criadora (Platão, O Sofista, 263b). Assim, ele identifica, dentre as produções divinas na natureza, algumas imagens, como sonhos, reflexos e sombras, que tornam possível que nossos sentidos se enganem. Neste trabalho, buscaremos investigar as diferenças e semelhanças entre essas as duas maneiras de compreender a relação entre lógos e physis.

Palavras-chave: Heráclito; Platão; logos.






Do trágico veio o homem:
Empédocles entre Orfeu, Zagreu e Prometeu
Mestranda Eduarda Pianete Moreira
PPGF/UFRJ -
Orientador: Fernando Santoro

"Ele é o filósofo trágico, o contemporâneo de Ésquilo": é com essa frase que Nietzsche se refere a Empédocles no seu Nascimento. E é essa frase, entre outros estranhamentos, que provoca as linhas a seguir. Já de início, parece justo dizer que o presente trabalho não pretende descobrir ou revelar; estas linhas se dedicam apenas à expressão de algumas suposições em relação à Cosmologia de Empédocles. A mais importante delas, a que foi provocada pelas já citadas palavras do filósofo alemão, é que dita Cosmologia, ou seja, a narrativa do agrigentino sobre como veio a ser o mundo tal como nós o conhecemos e também o homem, pode ser considerada um relato trágico-poético.
Porém, a suposição da tragicidade empedoclea não se limita ao conteúdo de seus versos, mas também - e talvez, principalmente - a dramaticidade escancarada por sua figura. Não por ser esta uma dramaticidade optativa ou aleatória, mas exatamente pelo contrário: por acreditarmos que essa forma de expressão é já a encarnação daquilo que se diz, ou seja, que a forma já anuncia o conteúdo. E que isso, longe de ser uma escolha aleatória ou até inteligente, é sim a única maneira de dizer o que deve ser dito, porque forma e conteúdo, no final das contas, devem fundir-se em uma coisa só. Empédocles é a encarnação da sua escrita, de seu pensamento e, consequentemente, do mundo que com ele vem a ser.
Empédocles é, então, a encarnação do trágico, e, assim sendo, fala através, desde e pelo trágico. Enfim, na tentativa de elucidar essa hipótese, tratamos de realizar articulações entre a narrativa empedoclea e alguns relatos trágicos já enunciados no título desta comunicação: as histórias de Orfeu, Prometeu e Zagreu, mostrando como o ponto de vista de Empédocles parece estar bastante atravessado pelo ideal trágico do qual é herdeiro e, eventualmente, contemporâneo.

Palavras-chave: Empédocles; tragédia; cosmologia.



Democracia, liberdade e poesia:
a grande revolução popular de Atenas.
Doutorando Emerson Facão
PPGF/PUC-Rio – CAPES
Orientador: Danilo Marcondes

Antes da intervenção do poeta Sólon, a aristocracia ateniense gozava de vários privilégios que incomodava profundamente o povo, pois eles construíram uma forma eficiente de serem protegidos e sustentados pela lei do Estado sem precisar labutar nas lavouras de sol a sol como a maioria dos seus conterrâneos. E para agravar essa crise social, o filósofo Aristóteles relata no seu livro, conhecido na antiguidade como a “Constituição dos Atenienses”, que muitos cidadãos que trabalhavam no campo estavam se tornado escravos dos nobres por não poderem pagar as suas dívidas.
Essa situação insustentável de desigualdade social e exploração acabou gerando uma terrível guerra civil que eclodiu com a tentativa de um golpe de Estado orquestrado pelo campeão olímpico Cílon, e o seu sogro, conhecido pela alcunha de Teágenes, o tirano de Mégara. Simultaneamente a esses fatos, a Grécia estava atravessando por diversas mudanças sociais e políticas em suas principais cidades. Essa crise teria se intensificado, sobretudo, entre os séculos VII e VI a.C em um momento que os trabalhadores mais humildes decidem combater a exploração efetuada pelos nobres. Esse período turbulento marcou de modo decisivo a história da Grécia.
A nossa comunicação visa apresentar alguns desses fatores que foram importantes para que cidade de Atenas pudesse estabelecer as bases para a instauração do regime democrático através da força poética de Sólon.

Palavras-chave: Escravidão; Democracia; Poesia.




As Performances do Silêncio na
Filosofia Moral de Plutarco de Queroneia
Mestrando Vanderley N. Freitas
PPGF/UFMG – CAPES
Orientadora: Miriam Campolina Peixoto Diniz

Plutarco de Queroneia (45-125) é autor de uma vasta obra, cujos textos conservados foram divididos em dois grandes grupos, as célebres Vidas Paralelas e as Moralia. Para Plutarco, a filosofia é, antes de tudo, uma arte de viver. A Moralia se apresenta como um enkeiridion destinado a indicar o caminho para o bem viver, e parte do princípio que a felicidade pode ser alcançada se o homem for capaz de exercer, com o concurso da razão, uma gestão dos impulsos e das afecções. O mesmo propósito se entrevê no projeto das Vidas.
            No quadro da Moralia, em pelo menos três tratados o tema do silêncio mereceu especial atenção: Como Ouvir, Sobre a Tagarelice e Banquete dos Sete Sábios. O vemos referir-se a ele no quadro de sua reflexão sobre a educação, sobre as relações político-sociais, assim como no campo da retórica e naquele do exercício da virtude. Semelhante atenção parece ter recebido também nas Vidas, e em particular no contexto da Vida de Licurgo, rei de Esparta. Ao considerar o laconismo dos espartanos, Plutarco louva o seu senso de silêncio, comportamento que já havia sido objeto de atenção em Platão e em Aristóteles.
Observa-se em Plutarco uma censura à tagarelice e um louvor do silêncio oportuno. Em que medida todas essas disposições se encontram implicadas, enquanto objeto da especulação filosófica, como horizonte do bem viver? Em outras palavras, em que sentido esta espécie de “economia da linguagem” constitui uma categoria da reflexão ética?

Palavras-chave: silêncio; ética; Plutarco.





QUARTA, 26 DE NOVEMBRO

15 H – FILOSOFIA ANTIGA II

Moderação da doutoranda Carolina Moreira Torres


A akrasia foi refutada no Protágoras?
Doutorando Matheus Dias Bastos – PUC-Rio

Por que Platão escreveu diálogos?
Mestrando Deivid Junio Moraes – UFOP

A fisiologia do prazer no Górgias de Platão
Mestrando João Gabriel da S. Conque Santos – UFMG

Os elementos cômicos do diálogo platônico
Doutorando Nelson Aguiar Menezes Neto – PPGF/UFRJ

A imagem do Sol e as Ideias platônicas (República VI, 508b-509b)
Doutorando André Luiz Braga da Silva – PPGF/USP





A akrasía foi refutada no Protágoras?
Doutorando Matheus Dias Bastos
PPGF/PUC-Rio – CNPq
Orientador: Danilo Marcondes

Minha comunicação se propõe a determinar a consistência dos argumentos hedonistas oferecidos por Sócrates na passagem 351b – 358a no intuito de refutar a explicação tradicional da opinião dominante (oi polloi) para o fenômeno denominado de akrasía, isto é, a ocasião em que um agente opta por uma alternativa que ele considera ser pior, mesmo que possa escolher uma alternativa melhor, por ser submetido (hettoménous) pelos impulsos (352d-e). De fato, a existência do fenômeno da acrasia constitui a maior objeção às teses centrais de Sócrates: a tese da unidade das virtudes e da relação existente entre o exercício das virtudes e o conhecimento (352c). Se o personagem conseguir refutar a explicação tradicional através do hedonismo, ele poderá sustentar de maneira mais consistente a superioridade do conhecimento sobre a deliberação humana.
No entanto, comentadores tradicionais, como Gosling e Taylor e Irwin, alegaram que Sócrates não conseguiu refutar a acrasia através do hedonismo. De outro lado, outros comentadores, como George Rudebusch e Martha Nussbaum, demonstram que a distinção temporal dos prazeres utilizada por esses autores não é condizente com a teoria hedonista exposta pelos argumentos de Sócrates. Eles mostram, com efeito, que a distinção quantitativa é a única distinção realmente utilizada pelo personagem.
Deveremos determinar, portanto, se a distinção quantitativa dos prazeres realmente pode assegurar a refutação da acrasia.

Palavras-Chave: Hedonismo; Acrasia; Protágoras.




Porque Platão escreveu diálogos?
Mestrando Deivid Junio Moraes
Programa de Pós-Graduação em Estética e Filosofia da Arte PPGEFA/UFOP – CAPES
Orientadora: Imaculada Kangussu

Para além das dificuldades que podem ser encontradas quando nos deparamos com os textos de algum autor, no caso de Platão há algo de peculiar, a saber, o total distanciamento do filósofo das formas habituais de comunicação filosófica. F. Schleiermacher, em sua Introdução aos diálogos de Platão, considera pelo menos duas formas principais nas quais se move, em grande parte, aquilo que normalmente nomeamos de filosofia: a sistemática e a fragmentária. Ocorre que, num primeiro contato com Platão, salta aos olhos a forma dialógica de seus escritos. Parece lícito, portanto, considerar tal forma como uma intenção cara ao autor grego. Mas, por que Platão escreveu diálogos? Há alguma relação entre a forma dos diálogos e os objetivos filosóficos considerados platônicos? A consideração de tal problema pode ser o primeiro passo para a compreensão do pensamento de Platão enquanto filósofo.
Este estudo propõe que o diálogo, como forma, seria coerente a um pensamento que se dá dialogicamente – como, por exemplo, nos alude o protagonista do Sofista acerca do modo apropriado ao pensamento: um diálogo da psykhé consigo mesma. E uma vez encaminhado à escritura, sob a forma dialógica, o pensamento estaria como que reproduzido com maior justeza. Se isto faz sentido, pode evidenciar o quanto Platão talvez tenha herdado do método dialético de Sócrates e, ao mesmo tempo, pretendido fazer do diálogo uma forma artística que concorresse com as outras formas de mímesis disponíveis em seu tempo.

Palavras-chave: Platão; forma dialógica; representação do pensamento.




A fisiologia do prazer no Górgias de Platão
Mestrando João Gabriel da Silva Conque Santos
PPGF/UFMG
Orientadora: Miriam Campolina Diniz Peixoto

A comunicação será baseada nos resultados parciais de uma pesquisa que busca investigar uma possível influência da medicina hipocrática na concepção de prazer apresentada no Górgias de Platão.
Dado que a concepção de prazer nesse diálogo se apresenta a partir de uma descrição fisiológica do mesmo, a determinação da teoria acerca do funcionamento do corpo humano que serviu de modelo para tal descrição desponta como um importante recurso para a compreensão do aspecto semântico e valorativo do prazer presente no Górgias.
Evidências textuais nos permitem afirmar que a concepção platônica de prazer como um processo de preenchimento de uma deficiência dolorosa, que de acordo com a cronologia mais comumente aceita é exposta pela primeira vez no Corpus Platonicum no Górgias, pode ter sido influenciada por teorias fisiológicas encontradas em textos atribuídos à escola hipocrática.
Verificar comparativamente os vocabulários fisiológicos presentes nos textos médicos e no diálogo Górgias pode complementar de maneira significativa o esclarecimento dos referidos aspectos do prazer que possuem importantes funções na ética platônica desenvolvida nos diálogos posteriores.

Palavras-chave: Platão; prazer; medicina hipocrática.




• Os elementos cômicos do diálogo platônico
Doutorando Nelson de Aguiar Menezes Neto
PPGF/UFRJ – CAPES
Orientador: Admar Costa

A presente investigação se insere num projeto mais amplo de pesquisa, que visa analisar a importância filosófica do processo de composição dos diálogos platônicos, tendo como horizonte a questão da forma literária.
Partindo da ideia de que o diálogo platônico constitui um gênero híbrido, que incorpora outros gêneros literários e os articula num rico diálogo, este trabalho busca estabelecer uma relação entre a comédia e o drama filosófico, tal qual delineado por Platão. A pergunta sobre o “ancestral literário” do diálogo platônico não pode ser respondida sem uma remissão à comédia. Com efeito, dentre os modelos literários dos quais Platão se serviu para compor um novo gênero, a comédia assume lugar de destaque.
Como verificamos no testemunho de Diógenes Laércius, Sócrates, personagem central nas obras platônicas, é descrito com rico potencial cômico, fundado numa vida intelectual burlesca. Havia, na sua aparência e no seu estilo de vida, algo de fundamentalmente cômico.
Buscaremos, portanto, recuperar uma relação entre os escritos platônicos e os mimos de Sófron e de Xenarco, a comédia de Epicarmo, bem como a comédia ática, buscando demonstrar a possibilidade e a importância da articulação entre o estilo literário platônico e o modelo cômico de composição dramática.

Palavras-chaves: Platão, comédia, diálogo



A imagem do Sol e as Ideias platônicas (República VI, 508b-509b)
Doutorando André Luiz Braga da Silva
PPGF/USP
Orientador: Roberto Bolzani Filho

            No Livro VI da República de Platão, vemos o personagem Sócrates expor um de seus mais célebres engenhos, o símile ou imagem do Sol (508a4-509c4). Quando se puser a explicar o sentido da estrutura analógica que a imagem apresenta, o personagem apontará, separadamente, duas relações que a Forma do Bem mantém com as outras Formas: causalidade epistêmica (508c3-509a9) e causalidade ontológica (509a9-509b10). Esta última será enunciada nos seguintes termos:
[...] Dize que, quanto às coisas vistas, o Sol não apenas fornece o seu poder de ser visto, mas também a sua geração, seu crescimento e sua nutrição [...]. E, portanto, quanto às coisas conhecidas, [...] dize que não apenas o seu ser-conhecido está presente devido ao Bem, mas também que tanto o seu eînai quanto sua ousía lhes é atribuído por ele [...]. (509b2-8)
            O sentido de eînai e ousía nesse trecho é causa de uma das maiores controvérsias na literatura secundária desse diálogo (FERGUSON, 1921; MURPHY, 1932; ROSS, 1951; RAVEN, 1953; SANTAS, 1999; BALTES, 1999; FRONTEROTTA, 2001; REALE, 2002; FERRARI, 2003; VEGETTI, 2003; SZLEZÁK, 2003; GUTIERREZ, 2009 e 2010). A presente comunicação visa então a entrar nesse debate, buscando apontar, no próprio texto, pistas que possam indicar uma direção interpretativa...: em que sentido, afinal, eînai e ousía foram entendidos pelos próprios debatedores, Sócrates e Glauco?

Palavras chave: Platão, eînai, ousia.





QUARTA, 26 DE NOVEMBRO

18 H – MESA DE PROFESSORES

Moderação do doutorando Nelson Neto


• “Eros e beleza na filosofia platônica”
 Admar Costa
Filosofia/UFRRJ

• “Ascese e interpretação em Orígenes: o cântico dos cânticos”
Marcus Reis
Filosofia/UFF














QUINTA, 27 DE NOVEMBRO DE 2014

10 H – HEIDEGGER

Moderação da doutoranda Carolina Moreira Torres



A poética de Rainer Maria Rilke
interpretada a partir da ocular de Martin Heidegger
Doutorando Leandro Assis Santos – UERJ

Discurso como fundamento da ontologia:
uma análise da obra O Sofista de Martin Heidegger
Mestrando Lucas Macedo Salgado G de Carvalho – UERJ

O mais próprio e o que vem ao caso – a questão existencial de Ser e Tempo traçada a partir do âmbito imediato da situação hermenêutica
Doutorando Fábio François Fonseca–PPGLM/UFRJ












A poética de Rainer Maria Rilke
interpretada a partir da ocular de Martin Heidegger
Doutorando Leandro Assis Santos
PPGF/UERJ – CAPES
Orientadora: Izabela Aquino Bocayuva

A presente proposta de trabalho visa delimitar uma importante questão para o pensamento tardio de Martin Heidegger (1889-1976) meditada a partir da poética de Rainer Maria Rilke (1875-1926).
Nessa fase de sua reflexão, o filósofo alemão apoiou-se consideravelmente no pensamento de Rilke a fim de interpretar um problema singular à época histórica atual, qual seja, a indigência.
Em linhas gerais, o estudo procura entender como a técnica científica afasta a indigência das preocupações do homem moderno, de modo que este dela se esqueça, fato que se torna vetor fundamental para o esquecimento da própria dimensão finita do homem.
Com o intuito de marcar a presença dessa temática já na Poesia (Dichtung) de Rilke, Heidegger em Para quê poetas?, de 1946, afirma que a indigência perfaz um modo muito característico de o homem ser. Indigência é a falta de permanência e demora do homem junto às coisas, caracterizando a perda de enraizamento e desabrigo absoluto que se nota pela crescente dispersão no interior do mundo. Desamparado, o homem já não habita mais, não se dispondo em modos de ser em que seja acossado por algum tipo de enraizamento no mundo.
Isso faz com que o mundo se torne absolutamente nivelado e obscuro, como que enevoado por uma densa “noite”. Nessa noite negra, a fuga dos deuses, a destruição da terra, a massificação do homem e a primazia da mediocridade se tornam o grande eco da época indigente; é a “meia noite do mundo”. A época da técnica é, assim, o momento do “tempo indigente”, que tende a se tornar cada vez mais indigente.

Palavras-chave: Técnica; indigência; poesia.




Discurso como fundamento da ontologia:
uma análise da obra O Sofista de Martin Heidegger
Mestrando Lucas Macedo Salgado Gomes de Carvalho
PPGF/UERJ
Orientador: Marco Antônio dos Santos Casanova

            Este trabalho busca apresentar a preleção O Sofista de Martin Heidegger sob a perspectiva do projeto filosófico heideggeriano que se estende até a viragem (Kehre), com o objetivo de mostrar que a leitura feita pelo filósofo do diálogo platônico sob o fio condutor do discurso (logos) não somente corrobora, mas torna mais clara suas investigações ontológicas desenvolvidas por meio de uma hermenêutica fenomenológica, isto é, sua tentativa de pensar a compreensão de ser (Seinverständnis) como condição de possibilidade para se colocar de modo expresso a pergunta pelo sentido de ser em geral.
A apresentação se concentrará na determinação do discurso nos momentos constitutivos de sua estrutura, conforme exposto na referida preleção, evidenciando-o como determinação de ser do ser-aí (Dasein), não no sentido usual e desgastado de ser vivo que possui linguagem (zoon logon echon), mas no do modo de ser fundamental do desencobrir discursivo interpelador que torna presente o ente em seu caráter presente. Posteriormente será feita uma breve comparação entre discurso (logos) e a teoria do discurso apresentada em Ser e Tempo, trabalhando o posicionamento defendido na obra capital de Heidegger da igual originariedade de ser, verdade e compreender.

Palavras-chave: Discurso; Compreensão; Ser.








O mais próprio e o que vem ao caso –
A questão existencial de Ser e Tempo
traçada a partir do âmbito imediato da situação hermenêutica
Doutorando Fábio François M. da Fonseca
PPGLM/UFRJ -
Orientador: Pedro da Costa Rego

Tentarei explicar a bivalência ontológica entre próprio (eigentlich) e impróprio (uneigentlich) que Heidegger presume ser o parâmetro de verdade do ser-aí e de que reivindica a irredutibilidade a qualquer tipo de correspondência predicativa ao ente subsistente (Vorhanden).
Heidegger não pode presumir sem mais que a Temporalidade (Zeitlichkeit) é o horizonte de sentido deste binômio ao introduzi-lo no §9 de Ser e Tempo, pois isto é o que está por se demonstrar. É o existencial do caráter de ser a cada vez meu (Jemeinigkeit) que será sugerido como critério preliminar para se distinguir entre possibilidades existenciais próprias ou impróprias, mas mesmo esta ideia carece de alguma elucidação.
Proponho pensar de início a bivalência semântica entre próprio e impróprio como aquilo que é pertinente e digno de expressão na situação de proferimento. Com isso questionamos critérios semânticos que admitem disputa e revisão nos termos que Heidegger pretende, na medida em que são previamente configurados a cada vez pelas normalizações da comunidade e eventualmente em prejuízo da especificidade da situação e da singularidade dos envolvidos.
Além disso é possível explicar a Temporalidade como critério revisor segundo o apelo que uma narrativa em seu proferimento ou performance exerce sobre os falantes como expressão, e não asserção, de suas possibilidades existenciais mais próprias, um apelo imanente à ocasião e que não precisa subsistir junto à realidade das coisas.

Palavras-chave: Heidegger; Situação Hermenêutica; Verdade Existencial.



QUINTA, 27 DE NOVEMBRO DE 2014

12 H – DERRIDA

Moderação do Professor Rafael Haddock-Lobo – PPGF/UFRJ


Vestígios da antiga sofística em Jacques Derrida
Doutorando Lúcio Lauro B. M. Salles – PPGF/UFRJ

Derrida: notas sobre literatura e desconstrução
Doutorando José Olímpio dos S. Neto – PPGF/UFRJ

A questão do sujeito na perspectiva da desconstrução derridiana
Doutoranda Denise Dardeau – PPGF/UFRJ

Sobre o problema da reconciliação em filosofia:
uma leitura através da desconstrução
Doutorando Felipe Castelo Branco – PUC-Rio











Vestígios da Antiga Sofística em Jacques Derrida
Doutorando Lucio Lauro Barrozo Massafferri Salles
PPGF/UFRJ
Orientador: Fernando José de Santoro Moreira

Compartilharei aspectos da filosofia de Jacques Derrida, que creio ser na verdade estilo e escrita, em que se pode reconhecer nuanças de um savoir faire que foi atribuído, por toda uma tradição filosófica, à antiga sofística.
Buscarei mostrar onde Derrida parece retomar, e até mesmo dissimular, um manejo da linguagem que é característico da primeira sofística, para, quem sabe (?), constituir o seu processo gramatológico de desmontagem de determinados dogmas filosóficos que se enraizaram por uma tradição metafísica platônico-aristotélica.
Isso implica também propor e dizer que é possível que não só a sofística, que se constituiu como uma espécie de “duplo excluído” da filosofia, mas também o ceticismo, quando este deriva de algumas especulações lingüísticas gorgianas, podem ter exercido influências sobre as perspectivas de Jacques Derrida.
São assim duas, as linhas em torno das quais irei compartir a leitura acerca deste semblante de Derrida. A primeira delas se refere a questões acerca da imagem do feminino, através da qual Derrida segue rastros deixados por Nietzsche, dialogando com a psicanálise. A segunda linha de articulação, diz respeito a aspectos da primeira sofística, que será representada aqui por ideias de Górgias, que me parecem ser íntimas de Derrida. Refiro-me, em especial, às especulações de Górgias acerca da potência e do alcance das linguagens, oral, escrita, imagética, as quais Górgias considerava serem estas como phármaka [drogas] para as mentes, uma temática que foi explorada por Derrida, no texto que nos é conhecido como A farmácia de Platão.

Palavras-Chave: Sofística; Filosofia; Linguagem.


Derrida: Notas sobre Literatura e Desconstrução
Doutorando José Olímpio dos Santos Neto
PPGF/UFRJ
Orientador: Filipe Ceppas de Carvalho e Faria

O presente trabalho busca apresentar a importância e o interesse de Derrida pela Literatura, apresentando suas características, e relacionando-a com a Desconstrução, e por fim, para ilustrar melhor esta relação, apresentaremos exemplos da Desconstrução de cinco temas através de textos literários: o perdão (Mercador de Veneza, de Shakespeare), o dom (A Moeda Falsa, de Baudelaire), a psicanálise (A Carta Roubada, de Edgar Allan Poe), a différance (Mímico, de Mallarmé), e os espectros (Hamlet, de Shakespeare).
Derrida tem relação tão estreita com a Literatura que seu primeiro projeto de tese era sobre um tema literário. Contudo, com o passar do tempo, seu desejo pela literatura e pela escrita literária foi impedido, adiado, diferido, mas de certa forma acabou sendo satisfeito, por vias indiretas. De qualquer forma, Derrida, mesmo reconhecendo a importância da literatura para sua formação filosófica, se sente como um filósofo e não como um literato. E também é importante ressaltar que Derrida nunca tentou confundir literatura e filosofia ou reduzir uma a outra, como tem sido frequentemente acusado. E, entre uma e outra, o desconstrutora identifica diferenças de espaço, de história, de lógica, de retórica, de protocolos e de argumentação.

Palavras-chave: Derrida; Literatura; Desconstrução.







A questão do sujeito na perspectiva da Desconstrução derridiana
Doutoranda Denise Dardeau
PPGF/UFRJ – CNPq
Orientador: Rafael Haddock-Lobo

Ao passo que as modernas filosofias do sujeito e da consciência apostam na dedução do mundo a partir de uma subjetividade absoluta, as contemporâneas filosofias da existência, sobretudo após a empreitada heideggeriana, tomam o mundo e a existência como constituindo uma unidade imediata.
A Desconstrução se insere no contexto do pensamento pós-moderno, o qual, a despeito da sua vaga e problematizável denominação, pretende abarcar em um mesmo arcabouço intelectual pensadores críticos à metafísica da subjetividade e ao seu fundamento humanista. É nesse contexto que a problemática do sujeito se reapresenta, agora, sob a preocupação com a anunciação do seu fim próximo e com as consequências ético-políticas de se estar em um mundo onde o sujeito foi “liquidado”.
É, precisamente, sob este ponto que o presente trabalho pretende debruçar-se. Na interpretação derridiana, o sujeito só se dá na linguagem, não pode, portanto, ser entendido de modo independente e anterior ao sistema conceitual e linguístico a que pertence, como parece sugerir a concepção clássica de sujeito, ao tomá-lo como um significado transcendental. A problemática que se apresenta a partir de então, e que procuraremos abordar em nosso trabalho, diz respeito, por um lado, ao questionamento da metafísica da subjetividade que toma o sujeito como o centro na experiência do pensamento e, por outro lado, o redimensionamento do sujeito sob a ótica desconstrucionista e o seu impacto no pensamento ético-político.

Palavras-chaves: Sujeito; Desconstrução; Jacques Derrida.

Sobre o problema da reconciliação em filosofia:
uma leitura através da desconstrução.
Doutorando Felipe Castelo Branco
PPGF/PUC-Rio – CAPES
Orientador: Paulo César Duque-Estrada

O tema da reconciliação é um antigo tema filosófico que remete à questão da homologia entre os gregos. A temática da reconciliação no campo filosófico atinge, no entanto, sua dimensão mais radical na dialética hegeliana. Hegel, em um esforço presente também entre outros pós-kantianos, visa - em nome do Espírito - fundamentar uma possível reconciliação entre as polaridades inauguradas pela modernidade (eu x coisa, sensibilidade x entendimento, razão x fé, etc.).
Neste trabalho, trata-se de tentar mostrar o quanto a proposta da desconstrução inaugurada por Jacques Derrida se constitui como um alerta, no seio da filosofia, contra o logocentrismo imiscuído às propostas “reconciliadoras” as mais variadas possíveis (seja na forma de homo-logos, do Espírito ou da comunicação). Talvez uma das mais importantes e atuais propostas filosóficas onde podemos identificar questões que concernem diretamente ao problema da reconciliação, seja na chamada "ética da discussão" de Jürgen Habermas. Contudo, é preciso mostrar, via desconstrução, de que maneira a proposta normativa de uma ética sustentada na comunicação e que visa estabelecer uma reconciliação entre lugares de fala, reproduz inevitavelmente a estrutura metafísica do recalcamento de algo que ameaça esse projeto.
Trata-se, portanto, de colocar frente a frente a leitura desconstrutiva e a proposta da ética habermasiana. No horizonte, interessa ter em mente que filosofar após Hegel depende do efeito de certo “fechamento” da história da filosofia que reinaugura a reconciliação como problema. Não será sem efeitos a requisição habermasiana da herança da modernidade européia. Antes de pensar a modernidade "enquanto tal", trata-se de pensar, com Derrida, o que é uma herança. O que significa herdar?

Palavras-chave: Reconciliação; Ética da discussão; Desconstrução.

QUINTA, 27 DE NOVEMBRO DE 2014

15 H – NIETZSCHE

Moderação da Professora Adriany Mendonça – PPGF/UFRJ


Nietzsche, Deleuze e o conceito de genealogia
Mestranda Fernanda dos Santos Sodré – PPGF/UFRJ

Observações sobre o problema do egoísmo
a partir de alguns exemplos da canção popular brasileira
Doutorando Igor Alves de Melo – PPGF/UFRJ

A crítica de Nietzsche à coisa em si kantiana
em Humano, demasiadamente humano
Mestrando Newton P. Amusquivar Junior – UNICAMP

O conhecimento estético em Schopenhauer e a consideração nietzschiana
acerca da metáfora em Sobre a verdade e a mentira no sentido extra-moral
Mestrando Nathan Menezes Amarante Teixeira – UFF

Nietzsche e a liberdade artística em oposição ao
livre-arbítrio e ao cativo-arbítrio: uma reflexão a partir da tragédia grega
Mestranda Pamela Cristina de Gois – UFOP

• A vida como problema: implicações da tarefa crítica de Nietzsche
Mestrando Diogo Diniz da Costa Pereira – PPGF/UFRJ




Nietzsche, Deleuze e o conceito de genealogia
Mestranda Fernanda dos Santos Sodré
PPGF/UFRJ - CAPES
Orientadora: Adriany Ferreira de Mendonça

No terceiro capítulo de Diferença e Repetição, intitulado “A imagem do pensamento”, Gilles Deleuze desenvolve uma ideia de que existiria uma imagem do pensamento, de natureza moral ou dogmática que dominou a história da filosofia. Esta é apresentada através de seus pressupostos.
Estes pressupostos implícitos nos dariam um sentimento de que cada um saberia o que significa pensar, eles assegurariam a forma “...todo mundo sabe”. Estes pressupostos quando postulam este universalmente reconhecido seriam a forma da representação ou da recognição em geral. Em contraposição a isto, Deleuze apela para uma nova imagem do pensamento, singular e cheia de má vontade para com estes pressupostos.
Consideramos que a genealogia de Nietzsche estaria alinhada a esta nova imagem do pensamento. Assim, este trabalho, tem como objetivo, a partir dos estudos de Gilles Deleuze, realizar uma análise do conceito de genealogia de Nietzsche. Buscaremos mostrar em que medida Deleuze pensou a genealogia como um mecanismo da filosofia de Nietzsche que oferece ao mesmo tempo condições de uma crítica e uma criação, de uma destruição da imagem dogmática do pensamento e da gênese de uma nova imagem do pensamento. Nosso intuito é discutir até que ponto o gesto crítico da genealogia é ao mesmo tempo um gesto criador.

Palavras-chaves: Imagem do pensamento; genealogia; crítica.







Observações sobre o problema do egoísmo
a partir de alguns exemplos da canção popular brasileira
Doutorando Igor Alves de Melo
PPGF/UFRJ – CAPES
Orientadora: Adriany Ferreira de Mendonça

Meu objetivo nesta comunicação é pensar o problema do egoísmo tomando como ponto de partida algumas letras da canção popular brasileira. Com isso, gostaria de demonstrar como questões de psicologia moral constituem a poética dessas letras; além disso, gostaria de evidenciar como um mesmo problema pode ser observado tanto na canção popular quanto na filosofia – nos dois casos teríamos um mesmo problema filosófico, porém expresso de modo distinto. A partir do século XVII o egoísmo começa a se definir na filosofia ocidental como critério de imoralidade. Essa tendência chega a seu auge no século XIX, período em que se verifica uma tendência moral bastante entusiasmada em defesa dos valores da compaixão e do altruísmo (principalmente em Schopenhauer). Em contrapartida, filósofos como Spinoza, Stirner e Nietzsche, cada um a seu modo, superam definitivamente a oposição moral entre egoísmo e altruísmo.
Para Nietzsche, esses dois conceitos constituem um “contrassenso psicológico”, e proposições filosóficas como essa aparecem então como “ingenuidades do erro”. O ego, diz Nietzsche, não passaria de um “embuste superior”, um “ideal”, algo muito próximo daquilo que Stirner acusou a respeito de conceitos fantasmáticos como “homem”, “humanidade” etc. Já o conatus em Spinoza (ou esforço pelo qual cada um persevera em seu próprio ser) demonstra como os afetos humanos jamais poderiam se expressar através de uma ação supostamente desinteressada.

Palavras-chave: egoísmo; altruísmo; moral da compaixão.





A crítica de Nietzsche a coisa em si kantiana
em Humano, demasiado humano.
Mestrando Newton Pereira Amusquivar Junior
PPGF/UNICAMP – CAPES
Orientador: Oswaldo Giacoia

O artigo propõe um estudo sobre a crítica à dualidade entre fenômeno e coisa em si realizada por Nietzsche em Humano, demasiado humano, em especial no aforismo 16.
Por meio da dualidade entre fenômeno e coisa em si, Kant e Schopenhauer fundamentaram os seus sistemas filosóficos no âmbito epistemológico e ético. Através da crítica à dualidade entre coisa em si e fenômeno, Nietzsche se afasta definitivamente da filosofia transcendental que ele ainda estava vinculado, por meio de Schopenhauer, no Nascimento da Tragédia.
Pretendo mostrar que a crítica à dualidade entre fenômeno e coisa em si, realizada por Nietzsche, tem como fundamento uma investigação antimetafisica e fisiológica da gênese do pensamento, e pelo qual o filósofo toma uma nova posição diante da ciência. Também pretendo mostrar como essa crítica se estende para outros aspectos da filosofia transcendental tal como a liberdade inteligível, a compaixão schopenhauriana, o imperativo categórico de Kant, o mal radical, a culpa, etc. Diante dessas mudanças, é possível observar também um afastamento do filósofo de teses pessimistas, românticas e, ao mesmo tempo, ele inicia suas investigações sobre a genealogia da moral.

Palavras-chave: coisa em si; pensamento; fenômeno.









O conhecimento estético em Schopenhauer
e a consideração nietzschiana acerca da metáfora
em Sobre a verdade e a mentira no sentido extra moral.
Mestrando Nathan Menezes Amarante Teixeira
PPGF/UFF – CAPES
Orientador: Vladimir Menezes Vieira

Em seu texto Sobre a verdade e a mentira no sentido extra moral, Nietzsche apresenta sua crítica à linguagem conceitual, por considerar a formação de palavras uma atividade essencialmente metafórica oriunda de uma relação intuitiva com o mundo.
Assim, todo conceito nada mais seria do que o resultado de um "impulso à formação de metáforas" fundamental no ser humano e que, devido ao afastamento radical da vivência intuitiva na qual teve sua origem, acabou por se tornar o lugar em que a atividade metafórica primeira estagnou-se para dar origem à "palavra verdadeira".
Por sua vez, na Metafísica da Vontade de Schopenhauer, encontramos uma profunda valorização da arte na medida em que esta seria responsável pela possibilidade do conhecimento das Ideias, vistas pelo filósofo como os graus de objetivação mais perfeitos da Vontade. Porém, tal valorização comporta também considerações acerca do caráter secundário dos conceitos em relação à relação intuitiva primeira com o mundo, esta última estando intimamente relacionada com a experiência estética e seu respectivo modo de conhecimento.
Assim, a proposta do presente trabalho consiste em apresentar concisamente de que modo tais considerações schopenhauereanas encontram acolhimento no que concerne às questões centrais do texto nietzschiano supra citado.

Palavras-chave: Schopenhauer; Nietzsche; Arte.




Nietzsche e a liberdade estética
em oposição ao livre-arbítrio e ao cativo-arbítrio:
uma reflexão a partir da tragédia grega
Mestranda Pamela Cristina de Gois
Programa de Pós-Graduação em Estética e Filosofia da Arte PPGEFA/UFOP – CAPES
Orientador: Olímpio Pimenta

            O livre-arbítrio e o cativo-arbítrio são discussões que sempre permearam as obras nietzschianas. Para o nosso filósofo, a imputabilidade moral é ferramenta de domesticação, sobretudo, cristã. Deste modo, atribuir culpa ao sujeito da ação moral é uma maneira de estabelecer uma moral de rebanho.
            Por meio do seu curso, ministrado na universidade da Basiléia, intitulado Introdução à tragédia de Sófocles (1870), podemos analisar as primeiras críticas que o filósofo faz à modernidade. Nesse contexto, os alemães são os principais alvos de sua crítica, tanto no que diz respeito à sua tragédia, como também a interpretação que estes fazem da tragédia antiga. Sendo assim, o problema da tragédia moderna é justamente o fato de atribuir culpa aos seus personagens e de interpretar, sob influência aristotélica, a tragédia grega com um olhar estético-moral.
            Na obra O nascimento da tragédia (1872), o filósofo dará continuidade ao assunto que sempre fez parte das suas pesquisas enquanto filólogo, que é a época trágica dos gregos. Fornecendo mais detalhes sobre os tragediógrafos, Nietzsche novamente retomara a ideia de liberdade e destino na conjuntura do mundo antigo e moderno, colocando sempre a questão da culpa como um problema moderno, em contrapartida ausente no mundo grego. Mesmo a partir de sua filosofia intermediaria, a discussão acerca do tema permanece: em síntese, tanto o livre-arbítrio como o cativo-arbítrio são combatidos pelo filósofo. Nietzsche propõe uma nova forma de liberdade, que pode ser chamada de liberdade estética. 

Palavras-chaves: Nietzsche; Arte; Liberdade.


• A vida como problema:
implicações da tarefa crítica em Nietzsche
Diogo Diniz da Costa Pereira
Programa de Pós-Graduação em Filosofia/UFRJ – CAPES
Orientador: Rafael Haddock-Lobo

            O pensamento de Nietzsche se encontra intimamente articulado a uma conjuntura histórica que ele procurou pensar sob o signo da “morte de Deus”. É a luz deste acontecimento que se pode compreender a crise de um projeto de conhecimento que tinha na ideia de “verdade” a sua meta e legitimação.
            Na medida em que a morte de Deus abala, segundo Nietzsche, o fundamento de todos os valores que sustentavam objetivamente a nossa cultura, e, entre eles, da própria verdade, o conhecimento perde assim o critério a partir do qual havia retirado até hoje todas as referências acerca de si mesmo. É por isso que esta crise irá impor a necessidade de uma crítica do conhecimento. Entretanto, tal crítica não poderá dispor, para sua realização, de uma base objetivamente estabelecida; daí que, neste movimento de voltar-se sobre si, o conhecimento precise colocar em questão, de alguma forma, a própria subjetividade daquele que o empreende.
            Assim, no horizonte do pensamento nietzschiano, a crítica não se confundirá com um exercício teórico que se mantenha nos limites do âmbito epistemológico, mas se apresentará, antes, como um problema que implica o próprio homem, um questionamento dirigido à sua existência.
            Neste trabalho buscaremos estabelecer as condições para se compreender o alcance da ideia de “crítica” em Nietzsche, cuja realização culmina, em nosso entender, no pensamento segundo o qual a própria vida poderia tornar-se “uma experiência de quem busca conhecer”.

Palavras-chave: Nietzsche; Conhecimento; Crítica.



QUINTA, 27 DE NOVEMBRO

18 H – MESA DE PROFESSORES

HOMENAGEM A JACQUES DERRIDA
PELOS 10 ANOS DE SUA MORTE

Moderação do mestrando Diego Reis


• Professora Ana Maria Skinner
Letras/UFRJ

• Professora Dirce Solis
Diretora do IFCH/UERJ

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL
• Professor Rafael Haddock-Lobo
Vice coordenador do PPGF e vice diretor do IFCS/UFRJ










SEXTA, 28 DE NOVEMBRO

10 H – VERDADE E CIÊNCIA

Moderação do doutorando Lúcio Salles

Meta-teste da verdade
Mestrando Pedro Vasconcelos J de Gomlevsky – PPGF/UFRJ

Conrad e a razão cínica
Mestrando Valmir Percival Guimarães – PPGEFA/UFOP
(Programa de Pós Graduação em Estética e Filosofia da Arte)


O que é a Ciência afinal?
Mestrando José Caetano Dable Corrêa – PPGHCTE/UFRJ
(Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e Técnicas e Epistemologia)









Meta-teste da Verdade
Mestrando Pedro Vasconcelos Junqueira de Gomlevsky
PPGF/UFRJ – CAPES
Orientador: Jean-Yves Béziau

O objetivo da comunicação que apresentaremos é realizar uma avaliação de três conceitos de verdade. Tais serão o conceito de verdade como correspondência, como coerência e o conceito pragmatista de verdade.
De acordo com a teoria da correspondência a verdade é uma propriedade de enunciados que correspondem com a realidade. Já o segundo avaliado será o conceito de verdade como coerência. Um coerentista considera como verdadeiro todo enunciado que pertence a um sistema de crenças, desde que seja por elas implicado, ou as tenha como sua implicação. Ou seja, verdadeiros seriam enunciados conectados por elos de inferência. Por fim teríamos o conceito pragmático de verdade. De acordo com este conceito, seria verdadeiro um enunciado que tem efeitos práticos positivos. Ou seja, um enunciado seria verdadeiro na medida em que é útil.
Entretanto, deparamo-nos com um problema. Frequentemente, a filosofia avalia suas proposições com base no critério da verdade, perguntando acerca das possíveis respostas a um problema qual seria a resposta verdadeira. Ora, quando o objeto da questão é a própria verdade, parece que não há um meio tão simples de avaliar essas concepções tão distintas entre si.
Para dirimir esta questão propomos a utilização de um método que criamos. O meta-teste da verdade. Tal método consiste em aplicar aos próprios conceitos de verdade, seus respectivos critérios. Nossa apresentação terá sido concluída quando este método for aplicado aos três conceitos propostos.

Palavras-chave: Teorias da Verdade; Comparação; Meta-teste.


Conrad e a razão cínica
Mestrando Valmir Percival Guimarães
Programa de Pós-Graduação em Estética e Filosofia da Arte
PPGEFA/UFOP – PROOP
Orientador: Guiomar de Grammont

O projeto “Conrad e a razão cínica” tem como objetivo de, a partir de um estudo da obra Critica da razão cínica (1983) de Peter Sloterdijk, identificar os elementos apresentados por ela na novela Coração das trevas (1902), de Joseph Conrad, levando em conta a diferença entre o cinismo antigo e o cinismo moderno. Este, diferente daquele dos gregos da primeira escola, opta por incorporar várias facetas e formas de discurso.
Enquanto o cinismo grego optava pelo humor descarado e a liberdade de expressão, esse novo modo se baseia na adaptação do discurso e das ações de acordo com a situação, o que o torna velado, pois sua racionalização o torna cruel. Sloterdijk propõe a retomada do cinismo antigo através do abandono e desistência dessa nova forma de cinismo que não escancara a verdade.
Assim, Marlow, protagonista da novela de Conrad torna-se o exemplo paradigmático do cínico moderno, pois ele mente, sobretudo quando diz a verdade. Ele a falsifica para que o seu elixir salvador mascare a verdadeira intenção de sua empreitada; faz uso do marketing da falsidade para parecer ser honesto a seus companheiros no Tâmisa, a sua falsa transparência alimenta a commodity do seu cinismo e faz com que elucide com um discurso bufão os ideais de liberdade que se invertem e passam a exercer o monopólio da mentira ocidental: levar a bandeira altruísta, civilizar e educar os bárbaros. Desse modo, a dinâmica do seu cinismo é ambivalente e enevoa a linha tenue entre a liberdade e a domesticação.

Palavras-chave: Conrad; literatura; cinismo.

• O que é a Ciência afinal?
Mestrando José Caetano Dable Corrêa
Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e Técnicas e Epistemologia
PPGHCTE/UFRJ – CAPES
Orientadora: Maira Monteiro Fróes
Coorientador: José Otávio Pompeu e Silva

No presente trabalho, é feito um breve relato das vertentes históricas da epistemologia da ciência, tendo como base o livro “O que é Ciência Afinal” de Alan F. Chalmres. A compreensão atual da “ciência” se originou na Revolução Científica dos séculos XVII e XVIII, que dividiu o conhecimento em fragmentos cada vez menores.
Para o senso comum, a ciência é um conhecimento verdadeiro porque se justifica em uma base empírica e é capaz de prever novos fenômenos pela lógica de causalidades de fenômenos já observados. A visão Indutivista, que tenta formalizar essa visão de ciência dada pelo senso comum, tem como crítica a dependência que toda observação tem da teoria que a precede e também por se basear em uma lógica circular. O Falsicacionismo, que surgiu posteriormente, considerava uma teoria “verdadeiramente científica” aquela passível de ser falseável através de testes empíricos.
Popper, que inaugurou o Positivismo, acreditava que uma teoria refutada empiricamente seria substituída por uma nova mais completa e eficiente, o que não é observado ao longo da história da ciência em alguns casos. Thomas Khun e Imre Lakatos, na tentativa de salvar o Falsificacionismo Popperiano da sua própria refutação, desenvolveram uma descrição da prática científica onde a teoria original seria protegida por hipóteses auxiliares, que o autor polariza em Racionalismo e Relativismo.
O autor polariza os conceitos de Individualismo, Objetivismo, Instrumentalismo e Realismo para defender o Objetivismo como a melhor alternativa na justificativa da prática científica. O livro é uma boa introdução a alguns dos principais autores e talvez o seu maior mérito seja a riquíssima referência bibliográfica dos temas tratados.

Palavras chave: epistemologia científica; filosofia da ciência; método científico








SEXTA, 28 DE NOVEMBRO

12 H – METAFÍSICA

Moderação do mestrando Pedro Vasconcelos Junqueira de Gomlevsky


Considerações sobre a substância no discurso de Aristóteles
Doutorando Flávio de Britto Pinto – PPGF/UFRJ

A essência e a função de um ser vivo em De Anima II.1
Doutorando Pedro Fonseca Tenório – PPGF/UFRJ

Avicena e a tradição:
argumentos contra as definições substanciais da alma segundo o Livro sobre a alma
Doutoranda Meline Costa Sousa – UFMG


O Canto das Sereias em Blanchot, Deleuze e Klossowski"
Doutorando Adriano Henrique de Souza Ferraz – EFLCH/UNIFESP






• Considerações sobre a substância no discurso de Aristóteles
Doutorando Flávio de Britto Pinto
PPGF/UFRJ – CNPq
Orientador: Fernando Rodrigues

Apoiado em passagens da Metafísica e do De Anima, o trabalho buscará extrair elementos favoráveis à compreensão da função desempenhada pela noção de substância no interior do discurso de Aristóteles, seja com relação ao movimento, seja no que concerne à alma.
A crítica da separação da essência em relação aos existentes dá-se em função da concepção platônica das ideias como seres em ato. Isso não entra em contradição com a consideração do movimento em si (isto é, enquanto princípio) em Aristóteles. Nesse sentido, a essência do movimento não existiria em ato, separada dos existentes, mas também não precisaria ser tratada como forma de um ente singular, isto é, como forma de uma substância, e sem por isso se reduzir a uma generalidade lógica.
O absurdo da tese dos megáricos é a negação do movimento e da geração. Assim, Aristóteles justifica a distinção entre dýnamis e enérgeia mostrando que, se a recusarmos, o nosso conhecimento sobre os entes naturais e o próprio significado das palavras que usamos nesse propósito se dissipariam. No entanto, é nessa operação mesma que se vê emergir a instância daquilo que não está em movimento e nem se gera e que serve de referência para dizer que coisas singulares no mundo existem verdadeiramente.

Palavras-chaves: Substância, movimento, alma.










• A essência e a função de um ser vivo em De Anima II.1
Doutorando Pedro Fonseca Tenório – PPGF/UFRJ
PPGF/UFRJ – CAPES
Orientador: Fernando Rodrigues

A cominicação consiste na apresentação da primeira definição geral de alma que Aristóteles formula no livro de De Anima II.1, com ênfase no esclarecimento da alma como a forma de determinação da substância, como o tò tí en eínai dos seres vivos.
Dentre os três sentidos discutidos em Metafísica (livro Zeta) de substância, como forma, como matéria e como o composto de ambas, Aristóteles percebe que a substância como forma é a que mais se aproxima da alma, restando o corpo fazer as vezes da matéria no composto. Ainda assim, há algo na substância do ser vivo que não é apenas uma forma, mas é toda uma organização de vida, que somente pode ocorrer na atividade própria ao ser vivo.
Para explicitar o que seja a essência e a alma do ser vivo, Aristóteles se utilizou, como exemplo, no início do livro II de De Anima de um instrumento produzido que teria uma alma ou uma função própria para realizar, sem a qual não seria mais o que é. Tal exemplo não ajudaria tanto na compreensão da definição de alma quanto o da passagem de Ethica Nicomachea, na qual se busca a definição de ἐυδαιμονία, a felicidade, conhecida como o argumento do ἔργον, ou da função.
Tentarei, portanto, mostrar através desta passagem, no que consiste a alma segundo a primeira definição dada por Aristóteles no referido trecho de De Anima.

Palavra-chave: essência, alma, função.










Avicena e a tradição: argumentos contra
as definições substanciais de alma segundo o Livro sobre a alma
Doutoranda Meline Costa Sousa
PPGF/UFMG – CAPES
Orientador: Tadeu Mazzola Verza

O objetivo desta comunicação é analisar as considerações acerca da alma presentes no Kitāb al-nafs, com especial atenção à discussão levantada na seção I.1, a qual trata da sua substancialidade. Deste modo, o fio condutor será a busca pela definição da alma tendo em vista a sua relação com o corpo de modo a apontar a insuficiência de defini-la como faculdade, forma e perfeição dada independência dele. Iniciarei com a primeira constatação da existência da alma para poder, em seguida, abordar as definições propostas em I.1 e os raciocínios avicenianos que apontam como, em todos os casos, o corpo também é pressuposto.
Ainda que não seja o objetivo desta comunicação traçar uma genealogia das definições de alma e como outros autores defenderam a sua substancialidade, os argumentos levantados em I.1 que apontam os limites da definição de alma como forma e perfeição do corpo evocam a discordância por parte de Avicena das definições de alma do De anima, no qual a alma é descrita como forma e perfeição e da Teologia de Aristóteles, no qual o autor, tentando salvaguardar a autonomia da alma, aponta os limites de defini-la como forma.
Assim, poder-se-á discutir o que significa classificá-la na categoria de substância, quais as implicações desta definição na relação com o corpo e como esta definição está diretamente vinculada à primeira versão do experimento mental do homem suspenso no ar apresentada no final de I.1.

Palavras-chave: Filosofia Medieval; Psicologia; Filosofia Árabe.



Sobre o tempo na Filosofia de Nietzsche

Mestrando Pedro Poncioni Mota
PPGF/UFRJ – CNPq
Orientadora: Adriany Ferreira de Mendonça

Pretendemos problematizar na obra de Nietzsche, mais especificamente a partir de seu Assim falou Zaratustra, as relações entre sua perspectiva filosófica e o conceito de tempo, entendendo tempo tanto pelos seus três modos na perspectiva cronológica (passado, presente, futuro), quanto por sua formulação pelo conceito de eterno retorno.
Partindo dessa temática pretendo defender a hipótese de que a questão da afirmação da vida está ligada de maneira intrínseca a uma perspectiva “trágica” acerca do tempo, dito de outra maneira, através de uma reinscrição da temporalidade e da eternidade no discurso filosófico sem os pressupostos da metafísica tradicional que desvalorizariam a existência em nome de uma eternidade atemporal.
Nossa hipótese central é que o pensamento do eterno retorno é justamente aquele que reinscreve a eternidade na temporalidade, desvelando uma “eternidade temporal”. Para tal pretendo discutir a questão da “superação” da metafísica levando em conta que segundo Nietzsche, “a crença dos metafísicos é a crença na oposição dos valores” e nesta a oposição fundamental para a questão a ser desenvolvida: a oposição entre ser e vir-a-ser e principalmente, entre a eternidade e o tempo, sendo o ser e a eternidade os pares avaliados com o valor supremo pela tradição. Levando em consideração que Nietzsche entende a metafísica, sobretudo em sua obra tardia, como o pensamento que cinde o mundo em dois âmbitos distintos e os opõe.

Palavras Chaves: Vontade de poder, Tempo, Zaratustra.





"O Canto das Sereias em Blanchot, Deleuze e Klossowski"
Doutorando Adriano Henrique de Souza Ferraz
EFLCH/UNIFESP - CAPES
Orientador: Sandro Kobol Fornazari

            Há uma experiência fundamental compartilhada por estes autores à qual Blanchot nomeou, numa inspiração homérica, como "o canto das sereias". Esta experiência consiste no silêncio que mantenho, que me imponho e ao qual me submeto para que o Outro possa vir a falar em seu murmúrio incessante. Nesta chave encontra-se o que talvez se delineie como “futuro do pensamento” ou mesmo como o “além-do-homem”. É talvez dando voz aos fantasmas que rondam a literatura, e ao que ela sonda na profundeza, que a filosofia pode encontrar novos caminhos para o pensamento.
            Assim como o canto das sereias, surgem espécies de conceitos móveis, assaz literários, que dançam sobre um mesmo plano de imanência. Vemos, assim, como se articulam Morte e Infinito em Blanchot, Diferença e Repetição em Deleuze, Fantasma e Simulacro em Klossowski. Tratam-se de matizes de uma tarefa muito interessante: o empirismo transcendental. Discussão acerca do limite da razão e da consciência em detrimento do impensável, do inconsciente e daquilo que já não sou. Assim como Foucault falara no Theathrum Philosophicum: quando o pensamento se torna um transe, aí vale a pena pensar. Esta comunicação deverá enfatizar o modo pelo qual estes autores compartilham esta veia nietzschiana e operam uma faceta interessante da filosofia francesa contemporânea.

Palavras-chave: Filosofia francesa contemporânea; empirismo transcendental; canto das sereias.











SEXTA, 28 DE NOVEMBRO


15 H – ÉTICA

Moderação da Professora Susana de Castro – PPGF/UFRJ


Montaigne e a arte da conversação como projeto moral
Mestrando Mateus Masiero - UNICAMP

A desordem na linguagem moral contemporânea
Doutoranda Flora Rocha Cardoso – PPGF/UFRJ

A Ética do futuro, de Hans Jonas,
e o modelo aristotélico para a ecoética proposto por Pierre Aubenque
Doutoranda Sarah Oliveira de Moura – PPGF/UFRJ

A influência de Spinoza na filosofia ética de Hans Jonas
Mestranda Michele Bobsin Duarte – PUC-Rio

Subjetividade e ética em Lacan
Mestranda Taís Bravo Cerqueira - UFF



Montaigne e a “arte da conversação” como projeto moral
Mestrando Mateus Masiero
PPGF/UNICAMP – FAPESP
Orientador: Roberto Romano da Silva

O objetivo desta comunicação será analisar determinados aspectos do pensamento de Michel de Montaigne (1533 – 1592) no intuito de evidenciar a relação existente entre as críticas empreendidas pelo autor ao pedantismo, a importância da conversação, e uma espécie de “projeto moral” (chamaremos assim) mais abrangente.
Montaigne estabelece a conversação como a principal fonte de instrução, e o pedantismo o seu mais poderoso obstáculo; ao longo dos Ensaios, tal postura será recorrente, mas talvez seja no livro III da obra (sobretudo em capítulos como Da arte da conversação e Da experiência) que se torna patente o quanto tais concepções se vinculam ao intuito de propor um novo tipo de moral.
À essa época, Montaigne estabelece como preceito a ser seguido a maleabilidade e inconstância, de modo a evitar todo tipo de rigidez e obstinação; ele prega uma virtude amena e agradável, afastando-se do ideal estoico que o influenciara outrora.
Assim, retraçaremos o caminho percorrido pelo pensamento montaigniano, partindo das críticas ao pedantismo e passando pela apologia da conversação como instrumento de instrução desse tipo de moral proposto. Por fim, pretendemos mostrar que a inovação estética dos Ensaios pode ser vista como uma deliberada tentativa do autor de construir essa conversação, ou seja, estabelecer um diálogo construtivo com seus leitores.

Palavras-chave: pedantismo; arte da conversação; Montaigne.


A desordem na linguagem moral contemporânea
Doutoranda: Flora Rocha Cardoso
PPGF/UFRJ – CAPES
Orientadora: Susana de Castro Amaral Vieira

A compreensão da crítica de Alasdair MacIntyre à modernidade, ao subjetivismo e ao emotivismo dá sentido à sua proposta de revitalização da teoria ética das virtudes, em Depois da Virtude (1981).
Para MacIntyre, há uma crise moral sem precedentes na contemporaneidade que está relacionada ao fracasso do projeto iluminista de justificar a moralidade através de teorias éticas focadas excessivamente na razão, cuja consequência é o emotivismo, também conhecido como subjetivismo revisado.
Ao elaborar um elo entre o projeto iluminista de justificar a moralidade e a teoria ética emotivista, o autor parte de uma indagação sobre a gênese do que considera o estado fragmentário da moralidade contemporânea, apresentado nos capítulos iniciais e no Posfácio (1984). MacIntyre inicia sua argumentação descrevendo o estado de fragmentação da moralidade e de desordem generalizada da linguagem moral e também das práticas morais.
Esta comunicação tem como objetivo uma compreensão inicial tanto da hipótese interpretativa apresentada pelo autor, quanto do que teria levado uma teoria ética insuficiente na caracterização da moralidade a exercer um papel tão importante na explicação do ethos moral contemporâneo.

Palavras-chave: Ética, Subjetivismo, MacIntyre.






A Ética do Futuro, de Hans Jonas,
e o modelo aristotélico para a ecoética proposto por Pierre Aubenque.
Doutoranda Sarah da Conceição Oliveira de Moura
PPGF/UFRJ
Orientador: Ricardo Jardim
Coorientador: Olinto Pegoraro

Hans Jonas (1903-1993) dedicou-se, a partir de 1950 até sua morte, à elaboração dos princípios que fundamentam sua Ética do Futuro – vida e responsabilidade –, à análise crítica das condições políticas visando a nova moral, e às implicações éticas da hegemonia tecnocientífica no campo da medicina. Sua originalidade está em ter sido um dos primeiros a trazer a tecnologia e a ciência para a instância ética. Segundo Jonas, vivemos nestes últimos dois séculos uma festa hedonista que consumiu o que a natureza levou milhões de anos para realizar.
Jonas propõe um novo imperativo ético, inspirado no categórico kantiano, mas ampliando-o o modificando-o na essência: “Age de tal forma que os resultados de sua ação não ameacem a autêntica vida humana futura na Terra”. O eixo axial da ética jonasiana é a responsabilidade pela vida. Para isso, Jonas defende e sustenta a prudência como a virtude da Ética do Futuro, do mesmo modo que Aubenque (1929-) o faz para um modelo aristotélico para a ecoética.
Aubenque afirma a prudência pelas mesmas razões que Jonas, e também elabora um imperativo categórico que visa, além da integridade da natureza, a paz e a amizade entre os homens. Ora, Jonas é mais humilde, quer algo anterior, quer garantir a vida e as condições de sua preservação autêntica, pois só pode haver paz e amizade entre os homens se a humanidade existir. Aubenque afirma o sentido da ecoética na felicidade, e Jonas sustenta que os homens do futuro importam na medida em que o homem de hoje e de sempre importa.

Palavras-chaves: responsabilidade; ecoética; prudência.



A influência de Spinoza na filosofia ética de Hans Jonas
Mestranda Michelle Bobsin Duarte
PPGF/PUC-Rio - CNPq
Orientador: Edgard José Jorge Filho


O presente trabalho tem a intenção de apresentar a influência de Spinoza na filosofia de Hans Jonas e, consequentemente, as reverberações ético-políticas na obra O Princípio Responsabilidade, uma proposta ética para a civilização tecnológica.
Hans Jonas nos diz no início da obra O Princípio Responsabilidade que a ética deve estar fundada na metafísica. Mas, como falar deste tema tão polêmico, que recebeu várias interpretações ao longo da história ocidental, na contemporaneidade?
Jonas tenta retomar o tema da metafísica sob uma perspectiva biológica, a qual possui forte inspiração spinozista. Em The Phenomenon of Life, o autor demonstra através do método fenomenológico e da analogia que mesmo nos níveis mais elementares de vida, como, por exemplo, na bactéria, já se encontra um princípio de liberdade, o qual se identifica com o metabolismo. E esse princípio de liberdade, “do agir para ser” é necessário, não contingente e não arbitrário, pois disso depende a permanência no ser. Hans Jonas, através da associação do metabolismo com a liberdade, reconhece a ação constante e imanente da potência de manutenção e preservação dos seres na existência.
O diálogo que Jonas estabelece com Spinoza pode ser entendido como apropriação de algumas noções spinozistas, tanto no âmbito da metafísica como no da política.

Palavras-chave: Hans Jonas; Ética; Spinoza.




Subjetividade e ética em Lacan
Mestranda Taís Bravo Cerqueira
PPGF/UFF
Orientador: Cláudio Oliveira

Minha pesquisa se concentra nos primeiros anos do ensino de Jacques Lacan nos quais este retoma a obra freudiana, especialmente, a sua teoria do eu. A retomada à Freud tem como intenção, nos dois primeiros seminários, esclarecer a noção de eu que a psicanálise propõe enquanto teoria e prática clínica.
A pretensão do ensino lacaniano tem sua precedência no modo como alguns analistas aproximaram a clínica freudiana de uma psicologia e a transformam em uma ortopedia do ego, isto é, uma mera domesticação dos comportamentos. Assim, o que Lacan realiza em seu ensino é uma crítica à clínica em voga a partir de uma leitura radical da obra freudiana – leitura que faz uso de uma série de filósofos, como Platão, Hegel, Spinoza, Descartes e Heidegger.
Acredito que questionar o modo como sua contemporaneidade pensava e tratava o Eu era uma ação ética, na medida em que essa clínica ortopédica do ego se une as concepções do último estágio do capitalismo em que identidade e mercado são nichos indistinguíveis, ou seja, na medida em que essa clínica faz parte da reformulação de um imperativo social, que apenas reforça o sadismo do supereu e a neurose.
Em meu trabalho gostaria de elucidar como Lacan, ao interpretar o Eu em Freud enquanto uma função imaginária, uma unidade em que o sujeito é essencialmente alienado a si mesmo, apresenta o valor filosófico e ético do pensamento freudiano, além de demarcar a diferença essencial entre a psicanálise e a psicologia.

Palavras chave: Subjetividade; Lacan; Psicanálise.







SEXTA, 28 DE NOVEMBRO


18 H – MESA DE PROFESSORES

Moderação da doutoranda Sarah Moura – PPGF/UFRJ



• “Sobre a finitude de Deus e o problema do mal”
Professor Alexandre Cabral
Filosofia/UERJ

• “Ética da solidariedade antropocósmica”
Professor Olinto Pegoraro
Filosofia/PPGBIO
(Programa Interuniversitário de Pós-Graduação em Bioética – UFRJ/UFF/FIOCruz/UERJ)

Professor Olinto foi o coordenador da criação do PPGF/UFRJ, em 1978. Neste ano completa ele 80 anos e 60 graduação em Filosofia.